O genocida está beijando sua esposa, Michelle, que recebeu R$ 89 mil reais de Fabrício Queiroz.

Capítulo 1.1.

Na cama com o
(eX -)presidente

Sérgio Lima/Poder360
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Deitado, Jair envolveu os braços em torno da esposa. Ela estava macia como uma massa de pão. Ao puxar o edredom que cobria o rosto, ele se deparou com dois olhos escuros como borra de café. Vazios e secos como o deserto. Os lábios formavam uma linha rígida. O presidente nunca prestara devida atenção às sutilezas de suas esposas. Com a atual não foi diferente, mesmo sendo a mais bonita delas. Nesse caso, contudo, não havia sutileza nas mudanças drásticas, repentinas e frequentes de temperamento de Michelle. Havia algo de estranho e, paradoxalmente, tudo estava dentro dos conformes. Quem entendia a cabeça das mulheres, afinal?

- Agora não, Jair - disse levantando o braço para alcançar o interruptor e apagar a luz.

Uma mão tocou sua coxa. Ela afastou a mão. Tocou sua barriga. Ela a afastou de novo, junto com o corpo. Ele olhou para cima, já perdendo a paciência. Ela se encolheu ainda mais como uma ervilha torta. Ele avançou e se encaixou com o rosto colado no dela debaixo das cobertas. Respirava pela boca, liberando o hálito rançoso.

- Quero minha surpresa.

Ela suspirou fundo em desalento. Ele suspirou fundo cheio de desejos. Ela conseguiu se afastar mais um pouquinho. Agora estava perto demais do limite da cama. Pensou em se atirar e fugir em um ato de rebeldia. Cada vez mais, ideias subversivas - inexistentes desde que o conhecera como deputado - encontravam terreno fértil em seu cérebro. Não sabia se deveria acolhê-las ou rechaçá-las.

As alças do sutiã caíram de lado. Ele jogou os cabelos dela para frente e tateou até encontrar o fecho. Enquanto tentava abri-lo, ela refletia. Levou mais de um minuto. Tempo suficiente para imaginar outro homem. Tinha cabelos grisalhos, pele lisa, músculos torneados e dentes de pérola todos alinhados. Cheiro de óleo automotivo e gasolina. Foi então que lhe pareceu uma boa ideia se entregar, à princípio, com seu jeito recatado. Virou-se de olhos fechados. Uma das mãos se perdeu e tocou a cicatriz na barriga flácida. Afastou-se como se tivesse levado um choque. Contornou o corpo do marido e nas costas ficou a acariciá-lo.

Os dois se apertaram forte.

Não é tão ruim, ela pensou, colocando a calcinha de lado. Colados ao seu ouvido, os sussurros de Jair se repetiam:

Vai,vai,vai,vai...

Era como se ele tentasse dar partida no carro. Sem saber o que fazer, Michelle desceu uma das mãos, chegou às nádegas dele e apertou. Não curtiu tanto a consistência. Os dedos, mais curiosos que o habitual, desceram pela fenda escura, mas foram repelidos antes da primeira tentativa de penetrar no buraco. Ela seguiu com as mãos descendo até acariciar as coxas. Encontrou-se com a constatação, nítida como uma , de que o porte físico do marido estava muito aquém do principal adversário político...

Ao se dar conta da transgressão mais infame que suas fantasias poderiam conceber, ela abriu um sorriso malicioso. E, com o perdão de Deus, era também a mais excitante. Michelle Bolsonaro da Silva, primeira-dama pela segunda vez consecutiva, subindo a rampa do Planalto, cruzando um meridiano imaginário, levando a faixa presidencial do passado para o futuro. Mais quatro anos de hospedagem no Palácio do Alvorada. Quem sabe algum dia, veria o ex-marido apinhado no meio de uma onda amarela raivosa, dentro das quatro linhas do cercadinho?

Trouxe os dedos de volta para seu corpo, tirando o braço dele do caminho. Na confusão de sombras, ela viu o mundo se abrir em azul e cor-de-rosa, todo iluminado. O calor espalhava a partir de seu ventre. Esquentava até a alma. Sentia-se mais leve que algodão. Vencia a gravidade para se encontrar com os anjos. Acima dela, brilhavam pequenas estrelas vermelhas a perder de vista. Os gemidos eram como o barulho do vento em céu aberto. Uma vez, sussurraram:

Ai, Lula...

Era como se um coturno esmagasse as bolas de Jair. Diante de seus olhos, uma explosão iluminou as trevas por um segundo. O mundo se abriu em preto e cinza, como nos filmes de guerra da juventude. Lá estava ele, um militar em pedaços, uma bomba de fragmentação que jogou a esposa, aquela vagabunda, para a borda da cama. Mesmo deitado, perdeu o senso de equilíbrio. O cérebro ainda tremendo após a detonação. O maxilar idem, no momento em que perguntou:

- Que porra é essa Michelle?

- Do que você está falando?

- Não vem se fazendo de idiota pra cima de mim! Repete logo o que você disse.

- Eu disse…

No fundo, não queria ouvir a verdade: aquela vadia havia falado o nome daquele canalha. Não, e pior ainda, ela falou enquanto estava lá tocando a buceta que nem uma puta! A desgraçada estava pensando nele. Justo nele! Só podia estar de sacanagem. O vagabundo que tanto cobiçava sua cadeira, agora iria também atrás de sua mulher.

Será que eles já tiveram um caso?

Será que eles já tiveram um caso?

Será que eles já tiveram um caso?

Não seria a primeira mulher a traí-lo. Sabia que era corno. Aliás, tinha a impressão que todo mundo sabia que ele era corno. Recordou-se de seus colegas oficiais, alguns de patente mais baixa, rindo dele sem discrição ou pudor enquanto passava pelos corredores da Academia Militar das Agulhas Negras. Em 1987, uma carta direcionada a Jair e intitulada circulou pelas mãos de todos. Nenhuma edição da Playboy teve circulação equivalente. Era um relatório que listava uma série de insinuações de que sua esposa à época, Rogéria, estaria lhe traindo. Ele jamais se esqueceu das palavras finais:

"Quando pensares que és líder,
lembre-se que a maioria da Vila Militar
sabe dessas histórias da sua esposa."

Revoltou-se contra os colegas, mas ninguém parecia se importar. Ninguém estava disposto a interromper a zoeira e humilhações direcionadas ao Capitão Corno. Eles deixaram de chamá-lo de cavalão. Seu novo apelido passou a ser unicórnio. E conforme estabelece uma das leis universais da quinta série, quanto mais se irritava com o apelido, mais ele pegava. Até que se consolidou de tal forma que deixou uma reminiscência permanente na mente e no espírito de Jair. Tornou-se um trauma, o desencadeador de uma aversão doentia por unicórnios e por tudo aquilo que eles representavam.

Seja esposa, namorada, prima ou uma , nada disso tinha importância. Envolver-se com Jair era a deixa para a infidelidade. Mais do que ninguém, elas mereciam ser felizes, ao menos eventualmente. Por isso, em algum momento, tomavam a decisão certa e errada de traí-lo, porém sem a mínima discrição. Tanto que ele estava ciente de quase todos os casos.

Eles deixaram de chamá-lo de cavalão. Seu novo apelido passou a ser unicórnio.

Quando se lembrava disso, tinha vontade de encher de porrada a cara daquelas prostitutas. Com Michelle, aquela vaca ordinária… ah, se pelo menos tivesse aberto as pernas para um segurança qualquer, a exemplo da segunda esposa… ou mesmo confirmado a suspeita de que tinha um caso com o deputado Osmar Terra... mas não! Não, não e não! Ela gostava de bandido líder de quadrilha. De nordestino cabeça-chata analfabeto. De ditador comunista pedófilo.

Ele meuDeus ele.

não,meuDeus,não, murmurou para si mesmo, tomado pelo desespero.

- Eu disse…

Onde tá minha arma?

Ela mordeu o lábio, apertou o braço dele com os dedos ainda úmidos. Precisava ganhar tempo. Ele agarrou com força o antebraço dela. Será que vai me bater? Estava explícito que vontade ele tinha de sobra, no entanto, em vez de ela tentar se soltar, levou o corpo para mais perto dele, bem devagar. O coração palpitando em milissegundos. Levantou-se um pouco, até a boca ficar a dois dedos de seu ouvido.

- Eu disse que você é a minha lua, aquele que ilumina minha noite. Minha lua e minhas estrelas.

A resposta o deixou hesitante. Sentiu-se flagrado com as calças arriadas, como se fosse ele a cometer o adultério. Sua companheira de longa data pensar em Lula era sim um exagero. Delírios de uma mente perturbada. Talvez fossem os murmúrios do fantasma do ex-presidiário que a justiça corrupta colocou em liberdade. Jair olhou de lado para Michelle, mas na escuridão, via apenas o contorno de seu rosto.

- Agora pode soltar o meu braço? Você está me machucando.

Ele se desgarrou com um susto, como se tivesse percebido que segurava o osso de um cadáver.

- Sei não, hein, Michelle. Esse negócio de lua, de estrela... isso aí é tudo coisa de marica, pô!

Com a cabeça cheia de ruídos, virou-se de costas para Michelle, ainda contrariado, encolhido e fragilizado. Desta vez, ele não era corno. Ou será que era? Não, não era e precisava se convencer disso. Mas a dúvida pairava sobre ele e, nas sombras, tinha a impressão de que se escondiam os colegas da academia militar. Ao seu redor, eles apontavam e, em meio a risadas e relinchos, bradavam em uníssono o infame apelido:

Unicórnio! Unicórnio! Unicórnio!

Seria capaz de tudo para silenciá-los. Sua vontade era atirar em todos eles. Tinha consciência, contudo, de que estavam dentro de sua cabeça… e, para lá, apontaria a arma antes de puxar o gatilho, a exemplo de Vargas e de Hitler. Depois do disparo, até as vozes da mente ficavam em silêncio. Dias de luto. Dias de festa. Dias que ainda estariam por vir, pois a arma estava muito fora de alcance.

Eu mato e morro se tiver que morrer!

O pensamento circulou livre e confiante, uma vez que seu portador encontrava-se em zona de segurança. A bem da verdade, o impulso suicida não passava de uma breve insinuação. Eficiente o bastante para lhe trazer de volta um pouco de lucidez. Tinha método. Tratava-se de uma estratégia - muito perigosa, por sinal - de lidar com a loucura, de silenciar as assombrações. Aprendeu isso lá atrás, quando era capitão do 8º Grupo de Artilharia de Campanha. A vida era muito simples… para qualquer resolução de conflito, havia duas vias distintas: matar ou morrer.

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